quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ética

Já citei aqui o livro de Mario Sergio Cortella, ‘Qual é atua obra’ e hoje farei um resumo das páginas 105 à 133 que fala sobre a ética, como ele explica de forma muito simples e que eu concordo inteiramente, vejo que é uma grande oportunidade de esclarecer um comportamento que, lamentavelmente, encontramos em poucas pessoas, atualmente.


“(...)A ética é o que marca a fronteira da nossa convivência...é aquela perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos.(...)Não agimos por instinto. Agimos por reflexão, por decisão, por juízo. A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa conduta na vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza manda e o que nós decidimos. (...) A ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para responder as três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso? (...) lembrando que a ética não é algo que nos dê conforto, mas algo que nos coloca dilemas. (...) Eles (dilemas) existem, e serão mais tranquilamente ultrapassados quanto mais sólidos forem os princípios que tivermos e a preservação da integridade que desejarmos.”

Sobre aceitar ou pagar propina, pedir ou não recibo, se beneficiar de um bem que não lhe pertence, entre outras situações o autor diz que: “Você responderá de acordo com os seus princípios e valores. Portanto, existem morais particulares, mas a ética é sempre de um grupo, sempre de uma estrutura maior, porque não existe razão para você ter princípios de conduta e valores se você vive só.(...) Se você tem autonomia e liberdade, vive dilemas éticos. Não tem como não vivê-los.”

Agora vem a parte que mais me identifico e que mais me entristece na nossa sociedade, a integridade. Na página 113 ele escreve: Integridade é o princípio ético para não apequenar a vida, que já é curta. (...) Integridade é a capacidade de saber que ‘eu morro louco, mas ninguém arranca a minha inteireza”. Integridade é honestidade, é sinceridade. Há pessoas que falam: “Mas isso no nosso país? Só um otário é honesto, íntegro e sincero”. É uma escolha. (...) Você obtém um pouco de sossego mental quando aquilo que você quer é também o que você deve e é aquilo que você pode.”

Já na página 127 ele coloca uma questão dura, porém que faz refletir ainda mais sobre as pequenas atitudes do nosso dia a dia; ele fala sobre o nazismo e do porque os generais nazistas fizeram aquilo, “um falou: ‘Fiz porque acreditava’ e 22 responderam: ‘Eu sou inocente, porque eu estava apenas cumprindo ordens’. Isso é absoluta ausência de integridade. Mesmo cumprindo ordens, fez porque quis. ‘Mas se eu não fizesse, eu ia morrer.’ Lamento, a escolha é sua. Continua sendo escolha. Por isso não diga ‘não queria’ quando escolheu. Porque, quando escolheu, queria. E se não queria , passou a querer quando fez a escolha. Quando aceitou o recibo por fora, quando parou em fila dupla, quando aceitou votar num parlamentar e depois não saber mais quem era ele, nem lembrar em quem votou na eleição seguinte. Saiba que, se não queria, passou a querer. Porque há uma coisa que é muito forte, que é a resignação como cumplicidade. Quando você e eu nos resignamos, nós aderimos àquilo que foi feito. (...) ‘Sabe o que é? É que, se eu não aderisse, eu seria morto’ Lamento. Dezenas morreram, mas não aderiram. Muitas pessoas são íntegras, honestas.”

Para encerrar o autor narra um encontro com um cacique da nação Xavantes, ele veio para um encontro e num passeio ao Mercado Municipal viu um garoto mexendo no lixo para se alimentar e questionou o porque de diante de tanta comida boa uma criança procurava no lixo algo para se alimentar. “(...) ele não conseguia compreender essa coisa tão óbvia: que uma criança faminta, diante de uma pilha de comida boa, pega comida podre. Eles não são ‘civilizados’. Sabe como ele passaria batido e nem repararia na cena? Se ele tivesse sido criado El algumas das nossas famílias, se ele tivesse ido a algumas de nossas igrejas, se ele tivesse freqüentado algumas de nossas escolas, se ele tivesse assistido a alguns de nossos meios de comunicação. Aí ele ia achar aquela cena normal. Neste instante, é bom lembrar que é necessário cuidar da ética porque senão ficamos anestesiamos nossa consciência e começamos a achar tudo normal.”

Este texto todo é somente um alerta para não perdermos o que de mais importante o ser humano possui, sua consciência, discernimento dos limites, do que é possível, ter integridade, valor, palavras que parecem ultrapassadas de tão incomum de se ouvir hoje em dia.

E você o que acha disso tudo?

Boa semana. Adriana

Nenhum comentário:

Postar um comentário