quarta-feira, 28 de março de 2012

Mulheres possíveis

Tenho visto muitas mulheres se descabelando porque não conseguem equilibrar tudo que é necessário em suas vidas, muitas vezes porque não priorizam o que lhes é necessário. Preste atenção na sua necessidade e não na dos outros e principalmente não esqueça do futuro, quem quer ser uma velhinha saudável, mas que depende da aposentadoria do marido?

O texto abaixo descreve a atual situação da maioria das mulheres e alerta para que se cuidem em todos os sentidos.

"MULHERES POSSÍVEIS...

Texto na Revista do Jornal O Globo

"Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.

Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.

Três dias.

Cinco dias!

Tempo para uma massagem.

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Para engravidar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.

Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.

Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.

Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo.

Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.

Martha Medeiros –
Jornalista e escritora"

Boa semana. Adriana

  

quarta-feira, 21 de março de 2012

Grupo de reeducação para homens agressores

Esta semana completa um ano que enfatizei a importância de aderirmos a campanha chega de violência contra a mulher, na verdade chega de violência contra todo ser humano. O texto abaixo é um retrato da sociedade mais consciente de sua atitude perante um problema tão comum em nossa sociedade.


No Jornal O Estado de SP de 18 de março, em reportagem de Valéria França com Sergio Barbosa, professor de Filosofia e Sociologia que é voluntário desde 2006 do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, trata-se de um grupo, organização não governamental que pegou um caminho alternativo para tentar cortar o ciclo da violência contra a mulher: o de reeducar os homens.

“Caminho no qual a Justiça também acredita. Desde 2010, a Vara Central da Violência Doméstica e Familiar contra A mulher de São Paulo, na Barra Funda, zona oeste, direciona homens agressores para a ONG.

“No início eles se sentem injustiçados. Acham que não fizeram nada demais”, explica Barbosa, que junto com uma equipe faz uma série de atividades para desconstruir a figura do machão controlador. Todos os orientadores são homens. Ao todo são 16 encontros semanais.

Os motivos para a violência são quase sempre os mesmos: sentimento de posse, de ciúme, educação dos filhos e machismo. “Acham que só eles podem fazer determinadas coisas, como trabalhar e não cuidar das tarefas domésticas ou sair com os amigos para uma noitada. Quando são desafiados partem para a agressão”, diz Barbosa. “No grupo, muitos freqüentadores tem curso superior e acreditam que são representantes da honra e do poder”.

Noções de direitos humanos e da Lei Maria da Penha também fazem parte do programa. A ideia é acabar com o sentimento de impunidade. Questões de saúde sexual, como a importância do uso da camisinha, também são abordadas. Barbosa passa tarefas fala sobre leis e ainda faz sessões de psicodrama em que o homem encarna a mulher agredida.

Alguns alunos freqüentam também o curso da Academia de Polícia de São Paulo, batizado de Projeto de Reeducação Familiar, constituído de seis encontros mensais com palestras.

“De cada cem agressores que passam pelo Coletivo, apenas dois reincidem”, diz Barbosa. A Justiça deve aumentar o número de cursos, porque a demanda de ‘alunos’ deve crescer. Só em abril 60 homens são esperados para uma mega-audiência na Barra Funda.”

Atitudes como estas, incentivadas e apoiadas pelo governo são uma luz no fim do túnel para esta situação tão lamentável e ultrapassada de violência que vivemos até hoje.

Ajudem a divulgar acredito que este é um incentivo as mulheres que acham que denunciar não adianta nada.

Boa semana. Adriana

quarta-feira, 14 de março de 2012

Verdade x Sinceridade

Recebo muitas pessoas que sofrem e se queixam de serem continuamente magoadas ou incompreendidas em suas colocações porque se esquecem que a verdade é o fato que ocorre e a sinceridade é a maneira como a pessoa se sente em relação a esse fato.


Você já notou como as pessoas descrevem um mesmo fato de maneira ligeiramente diferente? É porque depois do fato, verdade, a pessoa conta de acordo com a sua percepção, com sua emoção e sua crença, conta sinceramente o que aconteceu.

Não devemos confundir a sinceridade com a verdade. Quando acreditamos ou sentimos alguma coisa estamos convencidos de que ela é verdade. Devemos ter cuidado com relação ao que pensamos saber, porque só podemos conhecer a verdade a partir da nossa perspectiva pessoal, das nossas experiências, dos nossos sentimentos.

Apesar das nossas boas intenções podemos estar sinceramente errados, principalmente quando se pretende ser dono da verdade ou simplesmente ter razão.

As pessoas maduras se comprometem com a verdade, mas permanecem abertas com relação a maneira como a percebem. Claro que isso é tarefa que se aprende ao longo do tempo e só a partir do momento em que se esforça para isso.

Quantas vezes julgamos os outros por determinada situação e depois de um tempo ficamos sabendo de mais fatos que desconhecíamos e entendemos que fomos injustos? Ou quantas vezes ficamos chateados com alguém e só depois de outra conversa entendemos o ponto de vista do outro?

Podemos ser mais flexíveis e tolerantes em relação a verdade alheia, ela pode abrir nossa maneira de ver e encarar a vida.

Boa semana. Adriana

quarta-feira, 7 de março de 2012

Natural x Normal

Recebo muitas pessoas que chegam com dificuldades de decisão, depressão, apatia, irritação entre outros sintomas que são decorrentes da dificuldade em encontrar um equilíbrio entre ser normal e natural.


Classifico aqui natural o jeito que a pessoa é, e normal o jeito que a sociedade julga certo. Diga-se de passagem o termo normal na sociedade esta em constante mudança e certamente muda de geração em geração.

Mas a dificuldade muitas vezes esta em perceber o que é natural em nós mesmos, somos ensinados, condicionados a agir e pensar de determinadas maneiras e só percebemos que há algo mal encaixado quando apresentamos sintomas que nos incomodam a tal ponto de não saber o que esta acontecendo.

Como hoje em dia é normal estar estressado, deprimido, cansado, irritado as pessoas não admitem que isso pode ser decorrente de não viver de acordo com seu jeito natural.

Acontece também da pessoa perceber que não vive como gostaria, mas acredita ou escolhe viver de acordo com a maioria porque o custo de romper com determinados padrões nem sempre é baixo. Por exemplo, uma pessoa pode identificar que esta estressada física e mentalmente por causa do tipo de emprego que tem, emprego este que ela nem gosta tanto, mas traz um padrão de vida muito bom e confortável, ela sabe que se abrir mão de empregos deste tipo não terá o mesmo padrão de vida, então escolhe continuar no emprego e paga com sua saúde. Esta é uma escolha normal, não natural.

Este exemplo foi em relação ao trabalho, mas existem situações em todas as áreas da vida em que as pessoas deixam de ser elas mesmas para se adaptarem ao meio. Esta inclusive é uma ótima qualidade desde que não cause transtornos na vida da pessoa. É assim que nós podemos identificar até onde se adaptar é positivo. Quando passamos a ter problemas por causa da adaptação devemos analisar que escolhas estamos fazendo.

Cada pessoa tem sua liberdade de escolha, cada pessoa arca com as conseqüências destas escolhas, mas nem sempre a pessoa pensa que está escolhendo. Este texto foi escrito para lembrar disto, você pode escolher ter uma vida mais flexível, nem tão natural , nem tão normal. Este equilíbrio traz paz, saúde e felicidade.

Boa semana. Adriana