quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Transtorno Afetivo Bipolar

Atualmente os termos psiquiátricos tem feito parte da linguagem cotidiana, porém infelizmente eles são usados inadequadamente, criando assim confusão e dúvida sobre o que realmente significam. Já abordei outros assuntos como síndrome do pânico, depressão e hoje falarei sobre a bipolaridade, antes conhecida como psicose maníaco depressiva e tem como sigla TAB (transtorno afetivo bipolar).


O texto abaixo é um resumo muito sucinto do livro Temperamento Forte e Bipolaridade do autor e psiquiatra Diogo Lara.

"O termo bipolar expressa os dois pólos de humor ou de estados afetivos que se alteram nesse transtorno: a depressão e se oposto, a hipomania ou a mania, dependendo da gravidade, cujas manifestações são euforia, energia exagerada, grandiosidade, aceleração e uma sensação de prazer intenso ou um estado altamente irritável e agressivo. Várias outras áreas são afetadas nesses estados de humor, como sono, apetite, atividade motora, atenção e concentração, mas a essência está no estado geral do humor, ou seja, no modo como a pessoa se sente.

O Transtorno de humor deprimido deve ser diferenciado do transtorno de humor unipolar, que ocorre geralmente em pessoas de temperamento mais brando, com alterações na direção do humor deprimido, sem as fases de humor elevado, eufórico ou irritável.

Nos casos de humor instável, com oscilação freqüente e imprevisível, muitas vezes não chegam a apresentar extremos de humor, o que é diferente de pessoas com depressão unipolar, que tem períodos de depressivos de várias semanas ou meses sem trégua de um dia sequer.

O humor normal deve flutuar entre os diversos estados de alegria, tristeza, ansiedade e raiva. Saudável é a variação de humor de acordo com a situação, com intensidade e duração corretas, embora correto seja relativo-e é para ser relativo mesmo. Levando-se em conta aspectos pessoais, sociais e culturais, é muito complexo objetivar qual a melhor reação de humor considerando-se as circunstâncias tão variadas que podemos vivenciar. O transtorno de humor começa quando algo no seu ajuste sai do prumo, como um instrumento desafinado, produzindo respostas emocionais de maneira desproporcional em intensidade e/ou duração, ou até mesmo mudanças no humor sem o estímulo necessário para ocorrerem na maioria das pessoas.”

Para se ter uma ideia do quanto o assunto é complexo, “todos esses nomes, bipolar, ciclotímico, hipertímico, bipolar do tipo I, II, III, IV - quanto maior o número, mais leve o transtorno - derivam do hábito de categorizar e classificar, o que de fato maios ajuda que atrapalha.”

Como existem todos essas formas de manifestação da doença, assim são também os quadros de cada uma delas, ou seja, as características da personalidade bipolar são as mesmas e se diferenciam de pessoa para pessoa de acordo com seu histórico familiar, tratamento, tipo da doença. Minha intenção aqui não é explicar cada tipo (o que você encontra no livro), também não falarei sobre o tratamento, mesmo este sendo imprescindível e de grande importância para uma vida saudável do bipolar seus familiares. Abaixo seguem os comportamentos mais comuns entre os bipolares, independente do tipo que se apresenta.

Conseguem aliar pique e versatilidade, fazem várias atividades simultaneamente, profissões e atividades que exigem exposição pessoal, criatividade, agressividade, inovação, adaptação a situações e problemas novos, flexibilidade e agilidade mental, impulsividade nas compras, comer compulsivo, traços de infantilidade (no bom e no mau sentido), não estão nem aí para o que os outros vão pensar, até gostam de causar certo impacto, planos são mudados com facilidade e rapidez, não gostam de rotina, baixa tolerância à frustração, dotadas de um bom arsenal psicológico de ataque, entre outras.

Como o autor Diogo Lara frisa: “só vira transtorno de humor se surgirem sintomas que atrapalhem em algum grau a pessoa segundo sua própria avaliação ou segundo a percepção dos outros(....)”

Outro fator importante a ressaltar é a “abundância afetiva traz óbvias vantagens, mas tem facetas perigosas, ainda mais porque as características são, em geral, compartilhadas por familiares. Com tanta afetividade circulante, o risco é estabelecerem-se relações em que há dificuldade de desapego dos pais, irmãos ou companheiros, ou seja, uma espécie de dependência afetiva ou simbiose. Se as características de ansiedade e impulsividade forem fortes, as relações podem ser tumultuadas por discussões e brigas. Bipolares costumam ser bem melhores em conquistar do que em preservar.”

Também é importante considerar “uma manifestação comum da bipolaridade é a transcendência, que é a relação intensa com alguma forma de religião, filosofia de vida ou corrente mística.(...)O envolvimento tem caráter mais afetivo do que racional, de certa forma, canaliza parte da inquietude intrínseca aos padrões hipertímico e ciclotímico(...)”.

Sei que já me estendi demais no texto, mas não posso deixar de expor o fato de que a identificação do transtorno é de extrema importância até porque o tratamento adequado depende da correta identificação do quadro.

“Se a avaliação for baseada somente nos sintomas, comumente o quadro dos bipolares leves será confundido com depressão pura(unipolar), déficit de atenção, hiperatividade, transtornos de ansiedade, distúrbios alimentares, abuso de drogas ou transtorno de personalidade, já que os sintomas presentes nesses outros transtornos também podem se manifestar, de maneira igual ou semelhante, nos bipolares leves(...)”.

“Além de desenvolver empatia e confiança na relação com o paciente, a grande tarefa do profissional de saúde mental é fazer o diagnóstico correto. Atualmente, os critérios para diagnosticar transtornos psiquiátricos baseiam-se excessivamente nos sinais e sintomas aparentes. Para avaliação mais completa, deveriam ser analisados:

. sinais e sintomas;
. curso dos sintomas ou das manifestações do comportamento;
. temperamento e estilo;
. história familiar que avalie o componente genético como fator de risco (ou seja, um fato que aumenta as chances de algum evento acontecer);
. fatores de risco ambientais (como abuso e traumas na infância ou perdas recentes, no caso de depressão);
. resposta a fármacos (terapêuticos ou drogas de abuso, como o álcool);
. avaliação clínica geral e exames complementares (laboratoriais ou de imagem cerebral), quando indicado”.

Considerei importante este último tópico justamente para não cairmos no senso comum e evitarmos o erro de classificar ou diagnosticar uma pessoa, ou a si mesmo como bipolar, acredito que expus claramente a necessidade de procurar um profissional de psiquiatria especialista no TAB para realmente ter a certeza da situação do paciente.

Quero ressaltar mais uma vez que este texto é um resumo muito sucinto do TAB, sendo o mesmo direcionado para a observação de vários comportamentos que podem ser TAB ou não, o conhecimento da oscilação de humor juntamente com os outros comportamentos típico dos portadores de TAB, citados no texto, podem nos ajudar a orientar seus possíveis portadores a procurar ajuda especializada, é para isto que este texto se dedica.

Boa semana. Adriana

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